Racismo
Começo este texto sem saber muito bem como o vou terminar, mas dando graças por saber que poucas pessoas me seguem e - sendo um assunto mediático - acredito que não vou ferir susceptibilidades.
Nascida na década de 80, cresci a 30km da cidade do Porto. Ali, a única diferença que notava nas pessoas era que uns eram mais altos, outros mais magros, uns com cabelo escuro, outros com olhos claros. Havia meninos que tinham melhores resultados a matemática, outros a língua portuguesa. Outros preferiam educação física e havia ainda os que estavam só a cumprir a obrigatoriedade do ensino. Todos éramos diferentes, todos vivíamos em comunidade.
Onde vivia, havia pessoas com cor de pele diferente da minha: mais clara, mais escura. Acho até que havia pessoas com a mesma tonalidade de pele que a minha e nem por isso éramos mais ou menos amigos.
Ao crescer, na escola, havia meninos que faziam muitas asneiras e levavam recados para os pais. Havia meninos que me chamavam sabichona, mesmo eu não tendo escolhido ir para o 5º ano com 8 anos. Eles tinham pele igual à minha. Eram maus. As crianças sabem como ser más.
Alguns desses meninos iam com os pais ver jogos de futebol ao fim de semana. Será que era por ouvirem adultos mal-formados a serem maus para outras pessoas, que se julgavam no direito de ser maus para com os outros?
Hoje, enquanto mãe, aterroriza-me que a minha filha possa vir a conviver com meninos, adultos, pessoas com má índole e falta de noção de que todos somos diferentes.
Hoje, enquanto adulta, o ensinamento que quero dar à minha filha é de que todos somos diferentes e há pessoas boas e menos boas, transversalmente à cor da sua pele. Nunca me fez tanto sentido a frase "todos diferentes, todos iguais" como agora, nesta aventura da maternidade.
Que sejamos todos conscientes da diferença e que a aceitação faça parte da nossa cultura; que a cor da pele não seja mais que uma característica, como o é - na realidade. Que respeitemos a origem de todo e cada um que nos rodeia.
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